Dos mapas ao plantio: quais etapas antecedem o trabalho de campo na restauração florestal

Dos mapas ao plantio: quais etapas antecedem o trabalho de campo na restauração florestal

Categoria(s): Institucional

Publicado em 01/06/2023

Ao pensar em reflorestamento, é comum imaginarmos apenas o ato de plantar uma muda ou uma semente. No entanto, para projetos de grande escala como os da Iniciativa Verde, em que hectares e hectares de floresta precisam ser colocados em pé, a realidade é bem mais complexa.

Pesquisas de documentos de imóvel rural, levantamento de informações da região, caracterização do solo, definição do clima, descrição do relevo, tipos de espécies de plantas adequadas e organização de especificações técnicas para orientar as atividades a serem desenvolvidas. Estas são algumas das etapas para dar início a um projeto de restauração florestal.

Tudo isso envolve uma equipe de diversos profissionais que articulam diferentes áreas de conhecimento. Vamos entender mais detalhadamente como este processo acontece.

Caminho até o campo

O planejamento da primeira etapa é mapear a área a ser restaurada. Para isso, é essencial saber a localização de interesse, entender qual a dinâmica e utilização das terras no imóvel, bem como identificar quais são os acessos e estradas disponíveis.  
Ainda é preciso saber se há fragmentos de vegetação próximos e a distância entre eles, se está inserido em uma área ciliar, numa Reserva Legal ou até mesmo em uma Unidade de Conservação. E, claro, é importante nos atentarmos aos limites administrativos, como cidades e estados no território brasileiro.

Inicialmente solicitamos os registros ao proprietário, tais como matrículas, transcrições, levantamentos planialtimétricos – diferentes altitudes do relevo –, cadastro ambiental rural ou algum outro documento para geoespacializar o imóvel e estudar as possibilidades. Essa fase inclui também consulta aos órgãos licenciadores na busca de possíveis irregularidades, divergências entre vizinhos, identificar nascentes, rios, represamentos de água e definir as áreas de preservação permanente (APPs), estas últimas nosso principal foco de atividade.

Onde entra o geoprocessamento1

Com o advento dos levantamentos terrestres por satélites, melhora nas resoluções e gratuidade, a tecnologia auxilia na identificação do histórico da área, traçando um panorama abrangente da superfície, contribuindo na identificação dos fragmentos do entorno. As imagens são consultadas, adquiridas e tratadas em composições coloridas para serem sobrepostas aos desenhos previamente levantados.

Conforme os documentos e legislação vigente, delimitamos o perímetro do imóvel, identificamos os recursos hídricos, mapeamos as faixas ribeirinhas e localizamos a área degradada a ser restaurada. Além disso, checamos a situação da vegetação na área e proximidades e elaboramos o projeto para licenciamento e implantação. Nesta etapa, consideram-se os diversos detalhamentos como cercamento caso o imóvel possua gado ou se é perímetro confrontante com vizinhos, por exemplo.

Planejamento bem-feito faz toda a diferença

Em projetos de restauração compulsórios, como os provenientes do Programa Nascentes, é após todo esse trabalho e demais ações instituídas que as áreas são destinadas à comercialização para financiamento dos projetos cadastrados. Nesta etapa, os contratos firmados em variados tamanhos são alocados conforme a necessidade de cada contratante e a contabilização minuciosa garante o total preenchimento da área pretendida.

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1 Geoprocessamento é um conjunto de métodos e técnicas integrantes dos SIGs (Sistema de Informações Geográficas). É resultado da articulação em torno de imagens de satélite e fotografias aéreas para a produção de representações cartográficas em geral.

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