Pesquisadores descobrem que turismo é responsável por 8% das emissões de carbono do mundo

Pesquisadores descobrem que turismo é responsável por 8% das emissões de carbono do mundo

Categoria(s): Arquivo

Publicado em 11/05/2018

Um estudo inédito publicado esta semana na Nature Climate Change traçou um panorama preocupante para o setor de viagens. De 2009 a 2013, as emissões de carbono relacionadas ao turismo passaram de 3,9 bilhões para 4,5 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e), quatro vezes mais do que o que tinha sido estimado anteriormente, e correspondendo a 8% das emissões mundiais. Transporte, compras e alimentação dos turistas estão entre as contribuições mais significantes.

“Existe uma noção popular de que o turismo é uma opção de desenvolvimento de baixo impacto e sem consumo”, escreveram os autores, liderados por Arunima Malik, da Universidade de Sydney, na Austrália. “Essa crença tem levado países a buscar projetos de desenvolvimento do turismo rápidos e em grande escala, em alguns casos tentando dobrar o número de visitantes num período curto. Nós mostramos que essa busca (…) vem com um ônus de carbono significativo, uma vez que o turismo é mais intensivo em carbono do que outras áreas”.

Conforme destaque feito pelo Observatório do Clima, para cada dólar gerado, o turismo emite 1 kg de carbono, enquanto a indústria emite 0,8 kg, e a construção civil 0,7 kg.

O artigo também concluiu que o setor tem crescido mais rápido do que as tecnologias de “descarbonização” das atividades relacionadas a ele. E, uma vez que ele deve crescer mais do que outros setores da economia, “a comunidade internacional pode considerar sua inclusão no futuro nos compromissos climáticos como o Acordo de Paris, alocando os voos internacionais a nações específicas”, disse Sun Ya-Yen, da Universidade Nacional Cheng Kung, em Taiwan, coautora do estudo.

Oos estudiosos sugerem ainda que as pessoas paguem mais por viagens aéreas, para que seja feita a compensação dos voos. Para o ministro do Turismo do Brasil, Vinicius Lummertz, esse não é o caminho.

“A medida pode tornar o setor de viagens um privilégio das camadas mais ricas da população, sendo que lutamos por décadas para popularizar o avião como meio de transporte. Mais correto seria defender práticas de incentivo à pesquisa por soluções de transportes ou formas de propulsão alternativas que permitam minimizar o impacto do turismo na natureza”, disse o ministro ao OC.

Uma pesquisa de opinião feita a pedido da Iniciativa Verde e da revista Época mostrou que a maioria dos consumidores (84,77%) dariam preferência a um produto ou serviço que compensasse as emissões de carbono. Se tratando de passagens aéreas, quase 60% pagariam cinco reais a mais por uma viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro. A tendência diminui conforme o tamanho da viagem e o preço da compensação, apesar dele se manter proporcional ao preço da passagem: numa rota de São Paulo a Miami, a porcentagem de pessoas que pagariam R$50 a mais pela compensação cai para 42%.