Tratando as águas do Vale do Ribeira

Tratando as águas do Vale do Ribeira

Categoria(s): Arquivo

Publicado em 28/01/2019

Texto: Marina Vieira Souza

O Plantando Águas chegou no Vale do Ribeira no começo deste ano e já atingiu bons resultados. Cadastrou 185 famílias para participarem em uma ou mais linhas de atuação, instalou 70 fossas biodigestoras em parceria com a Prefeitura de Barra do Turvo e moradores, e está desenvolvendo estudos para plantar ou fortalecer 15 hectares de sistemas agroflorestais.

Nesta região, tão importante para a preservação da Mata Atlântica, está presente em nove bairros e comunidades: Anhemas, Areia Branca, Bela Vista, Pinheirinho das Dúvidas, Pinheirinho dos Francos, Quilombo Pedra Preta e Reginaldo e Quilombo Rio Vermelho, de Barra do Turvo, e Lavras, de Cajati.

ÁGUA LIMPA

Para cuidar da água do Vale, o projeto está usando uma tecnologia social conhecida como fossa séptica econômica, que trata o esgoto doméstico pelo processo de biodigestão. Como toda tecnologia social, explica Roberto Resende, presidente da Iniciativa Verde, ela é fruto de uma construção participativa. “A que o Plantando Águas está instalando é uma adaptação do modelo validado pela Prefeitura Municipal de Caratinga (MG), com alguns elementos do modelo Embrapa”, diz.

O projeto fez sete oficinas para explicar o funcionamento das fossas e capacitar os participantes. A partir delas, os moradores se organizaram em mutirões e, no total, instalaram 70 sistemas de saneamento nas nove comunidades da região. Cada sistema tem capacidade para tratar o esgoto de casas com até oito pessoas.

Os materiais vieram da Prefeitura de Barra do Turvo, que ofereceu as bombonas, e do Plantando Águas, que comprou 110 kits contendo canos, válvulas de retenção e demais peças necessárias para a montagem do sistema. Até o final do projeto, em dezembro de 2019, deverão ser instaladas mais 120 fossas na região, totalizando 171 sistemas.

Também foram coletadas amostras de água em 15 pontos diferentes, que foram enviadas para análise de qualidade em laboratório. Os resultados serão entregues às famílias que utilizam a água dessas áreas, junto com assistência técnica sobre como melhorar sua qualidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 SAFS E OFICINAS

Em regiões em que falta floresta, os SAFs oferecem a vantagem de misturar espécies de árvores com espécies produtivas. Por serem diversos, eles melhoram a qualidade do solo, e ainda podem servir para proteger nascentes e rios. No Vale do Ribeira, a realidade é um pouco diferente – tem a maior área contínua de Mata Atlântica protegida. Por isso, a estratégia do Plantando Águas é integrar as espécies nativas com aquelas de interesse econômico, para que possam complementar a renda dos participantes. O projeto está oferecendo assistência técnica, que inclui análise e preparo do solo e estudo das espécies ideais para cada área, e insumos, como mudas, fertilizantes e compostos para correção nutricional do solo. Até o momento, foram feitas 18 análises de solo.

Outras oficinas e intercâmbios foram promovidos com os participantes do Vale, entre elas a oficina de despolpa de juçara, que aconteceu em maio, a de implantação de viveiros florestais, realizada em julho com o Instituto Florestal e a Unesp de Registro, a feira de troca de sementes de Eldorado, em agosto, promovida pelo Instituto Socioambiental, e o 7º Seminário Frutos da Mata Atlântica, que se deu na cidade de Registro, em novembro.