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Yoshikazu Onose, superintendente da ONG Versta, abriu o evento. Foto: Acervo Projeto

O XI Seminário do Projeto SAF Juçara foi realizado nesta quinta-feira (25), no Canal Direto – SP+Perto, em Registro (SP), com transmissão ao vivo pelo YouTube da ONG Iniciativa Verde. O evento reuniu especialistas, agricultores, representantes de instituições brasileiras e japonesas e organizações não-governamentais para discutir avanços, desafios e oportunidades relacionados aos sistemas agroflorestais (SAFs) e ao uso sustentável da palmeira juçara (Euterpe edulis) na Mata Atlântica.

A abertura contou com a participação de autoridades locais e representantes de entidades como a JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão), a ONG japonesa Versta, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e a Iniciativa Verde, que atua há quase 20 anos na região com projetos de restauração florestal e desenvolvimento rural sustentável.

Parceria internacional e resultados alcançados

Representante-chefe da JICA Brasil marcou presença à distância no evento. Foto:  Acervo Projeto

Yoshikazu Onose, superintendente da ONG Versta, destacou a importância da cooperação entre Japão e Brasil para a promoção de sistemas agroflorestais como resposta inteligente às mudanças climáticas e à necessidade de conciliar produção agrícola e conservação ambiental. Ele ressaltou que o projeto já plantou mais de 62 mil mudas de juçara e tem a meta de alcançar 100 mil até 2030.

Roberto Resende, presidente da Iniciativa Verde, apresentou um balanço das ações realizadas em parceria com a Versta desde 2021, que totalizaram o plantio de aproximadamente 36 mil mudas de juçara em propriedades rurais e unidades de conservação do Vale do Ribeira. Ele enfatizou a importância de integrar a juçara a culturas como o chá e o cacau em sistemas agroflorestais, gerando renda e ao mesmo tempo sequestrando carbono.

Experiências práticas e desafios

Roberto Resende apresenta projetos da Iniciativa Verde na região do Vale do Ribeira. Foto:  Acervo Projeto

Agricultores como Kazuo Yamamaro e Lucas compartilharam suas experiências com SAFs, mostrando que o cultivo consorciado de juçara com banana, cacau e chá tem trazido retorno econômico e ambiental. Mário Terashima, consultor do Senai, reforçou a viabilidade do modelo, mas alertou para a necessidade de planejamento e apoio técnico para garantir renda já nos primeiros anos.

Ocimar Bim, pesquisador do IPA, destacou a importância do associativismo e da agregação de valor aos produtos da juçara, como a polpa e as sementes. Ele citou a Resolução SMA 189/2018, que permite o manejo de espécies nativas plantadas, como um avanço para a legalização e comercialização futura.

Encaminhamentos e próximos passos

Encerramento do evento. Foto:  Acervo Projeto

Entre as propostas debatidas estão:

• Fortalecer a cadeia de processamento e comercialização da polpa de juçara, com possibilidade de pesquisa para transformação em pó em parceria com instituições como UNESP e Instituto Federal;

• Ampliar a assistência técnica e os insumos para agricultores interessados em implantar SAFs;

• Continuar o monitoramento do carbono fixado pela juçara, estudo conduzido pela Iniciativa Verde e IPA.

O evento encerrou com sorteio de brindes e um reforço ao compromisso coletivo com a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU (2021-2030). O seminário reforçou que a juçara, além de espécie-chave para a restauração, é também símbolo de uma nova economia florestal possível no Vale do Ribeira.