Evento “A Restauração no Clima da COP” destaca papel estratégico da restauração florestal nas políticas climáticas

Evento “A Restauração no Clima da COP” destaca papel estratégico da restauração florestal nas políticas climáticas

Categoria(s): Eventos, COP

Publicado em 22/09/2025

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Em um momento considerado “extraordinário” para o Brasil, marcado pelos preparativos para a COP30, o evento A Restauração no Clima da COP propôs um olhar orientado a soluções, colocando a restauração florestal no centro dos debates sobre clima. A atividade, realizada pela Iniciativa Verde e pela Envolverde em parceria com a Unibes Cultural, reuniu especialistas que defenderam a integração de diferentes setores e a valorização da restauração.

Deputada estadual Marina Helou em momento de fala da primeira mesa do evento. Foto: Unibes Cultural.

Para Reinaldo Canto, mediador do debate, a realização da COP30 no Brasil tem sido acompanhada de questionamentos sobre a infraestrutura de Belém (PA) e os resultados efetivos da conferência. Por isso, ele ressaltou que o objetivo da ocasião era de “trazer soluções”, logo o foco na restauração florestal.

A deputada estadual Marina Helou trouxe uma reflexão sobre o sentido das discussões climáticas: “Não é sobre salvar a Terra (…) O planeta vai continuar existindo. O que a gente está discutindo é como as condições de vida que permitem à humanidade e à biodiversidade viverem na Terra estão ameaçadas”. Ela defendeu que a conexão entre o socioambiental e a justiça climática é o grande desafio desta COP.

Mesa 2 contou com um rico debate sobre experiências e soluções práticas da restauração. Foto: Unibes Cultural.

Luciana Alves, do WRI Brasil e do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, enxerga na COP30 uma oportunidade para elevar o patamar do debate: “A gente discute muito a restauração no nível legislativo, mas sem trazer o olhar das pessoas que estão no território, e vice-versa”. Ela defendeu que os eventos preparatórios devem convergir em um “grande acordo” que garanta o compromisso de todos os setores com a restauração.

Já Jônathas Souza da Trindade, da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, destacou que o desafio da restauração “ultrapassa simplesmente a construção de uma política pública” e exige o envolvimento de todos os atores. Ele citou que a restauração foi definida como o “carro-chefe” do plano de descarbonização do estado. “A restauração é o que vai trazer o principal resultado para São Paulo em relação à descarbonização”, afirmou.

Reinaldo Canto e fala de abertura do evento. Foto: Unibes Cultural.

Na prática, Rosilene Dias, do Programa Nascentes, argumentou que é preciso mudar a percepção sobre o tema: “A restauração não é um gasto, ela é um investimento”. Ela explicou que áreas produtivas próximas a fragmentos restaurados produzem mais, com maior disponibilidade hídrica e qualidade do solo, e que benefícios econômicos já são percebidos por toda a cadeia – desde quem colhe sementes até os viveiristas.

O produtor rural Alencar Rodrigues Ferreira compartilhou sua experiência positiva e anunciou uma novidade: o “Seguro Floresta”, desenvolvido em parceria com a BB Seguridade para cobrir riscos como incêndio em projetos de restauro. “É uma solução de mercado para evitar riscos”, comemorou.

Os participantes do evento puderem levar uma muda de espécie nativa da mata atlântica. Cortesia da nossa parceira de projetos Da Serra Ambiental. Foto: Unibes Cultural.

Por outro lado, Guilherme Moya, do Instituto Pró-Terra, chamou a atenção para uma contradição no cenário atual: “Antes a gente tinha área e não tinha dinheiro. Hoje a gente tem dinheiro e não tem área”. Ele se referia à dificuldade de engajar proprietários rurais, mesmo com a disponibilidade de recursos de compensação ambiental, e destacou o trabalho de mobilização para conectar financiamento a áreas disponíveis.

Por fim, Joaquim Clementino alertou para a urgência de unir diferentes atores em torno de uma linguagem comum. “Fazer com que esse povo entenda que o futuro da nação brasileira está no bioma”. E ainda criticou o modelo atual do agronegócio, afirmando que o “grande agro é para destruir a natureza”.

O evento deixou claro que a restauração ecológica é vista pelos especialistas como uma alavanca essencial para conciliar desenvolvimento, segurança climática e geração de emprego e renda, exigindo, porém, maior articulação e visão de longo prazo. 

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